Nomes e as falhas de memória
Na recepção de um curso de línguas no Largo do Machado, acompanhei a aflição da secretária com uma copeira diante da porta trancada do banheiro. Dizia sussurrando e pausadamente a secretária: “Eu tenho certeza. É a Dona Lúcia Terezinha que está aí dentro.” “Mas a senhora a viu entrar?” “Ver mesmo eu não vi. Mas estava agorinha conversando e depois sumiu.” Toda receosa, segurou a maçaneta e torceu bem devagar. Estava trancada. “Dona Lúcia Terezinha! A senhora está ai?” Silêncio. Tornou a chamar: “Dona Lúcia Terezinha!” Tive vontade de rir, não da situação, mas do jeito como ela dizia ‘Lúcia Terezinha’ num tom engraçado, esganiçado. Paulina, a secretária, era uma senhora dos seus setenta e poucos anos, vistosa, cabelos tingidos de castanho claro, olhos bem verdes, voz estridente saída de uma boca enorme que, quando falava, mostrava uma dentição perfeita e bem avantajada. A copeira, uma negra magrinha e despachada, deu toques fortes na porta do banheiro, mas o