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Mostrando postagens de 2015

Meu dia de índio

          Certa vez, um conhecido meu, Seu Vianna, um senhor já muito idoso, me abordou na rua e me fez a seguinte pergunta: - Você gosta de artesanato? - Gosto sim. Por que? - Vamos até minha casa. Quero te dar uma coisa. Fez mistério. Nada mais disse. Chegando lá, ele foi buscar o regalo: uma máscara-escudo talhada em madeira, olhos, boca, cabeleira de palha, um chifre na testa e uma etiqueta atrás na alça, identificando que aquilo era da tribo dos índios caraívas. - Peça de colecionador, viu? – reforçou Seu Vianna – Mas não a quero mais. Fique pra você. Cuide bem dela. Não gostei da máscara. Achei feia, assustadora até, mas aceitei o oferecimento constrangido. Em casa, tratei de enfiá-la no fundo do armário e ali a esqueci por um tempo indefinido. Quando me mudei para o apartamento de Botafogo, na ânsia de decorá-lo, decidi revelar aquela máscara ao mundo e a instalei bem diante da porta social, funcionando como uma espécie de carranca a proteger minha oca dos espír

Homero e eu

          Completa hoje uma semana do adeus ao compositor Homero Ferreira, autor da famosa marchinha carnavalesca “Me dá um dinheiro aí”, composta em parceria com seus dois irmãos Glauco e Ivan. Eu o conheci numa das muitas serestas lá de casa, onde muitos bambas participavam, músicos como Zé Paulo, Vivinho do Trompete, os irmãos Moura e, vez por outra, o Braguinha. Homero me surpreendeu na piscina mandando “Siri recheado e o cacete” (João Bosco – Aldir Blanc). Gostou da minha voz e se impressionou por me ver dizer letra tão extensa. Chegou junto do meu pai para elogiar: - Vocês têm um artista em casa. Vou levar pra cantar na rádio. E, na semana seguinte, me intimou a acompanhá-lo ao programa do Adelson Alves, na época, na Rádio Globo, ali na Glória.  Aceitei, mas fui morrendo de medo, suando muito, tremendo, porque não sabia nem o que iria cantar. Ele então disse: - Canta aquela do Gonzaguinha, o “Começaria tudo outra vez”. Vai ficar ótima na sua voz. - Mas não demos nem um