Postagens

Mostrando postagens de maio, 2014

Filmes: Praia do Futuro, Histórias Íntimas e Hoje eu quero voltar sozinho

No sábado da semana passada, sai sozinho e ansioso para ver “Praia do Futuro” do Karim Aïnouz. O filme aborda o estranhamento de se viver num país que não é o seu, sentimento experimentado pelo salva-vidas Donato que, após fracassado resgate na Praia do Futuro, se deixa levar por uma relação sexual com o alemão Konrad e vai viver com ele em Berlim, deixando para trás seu irmão pequeno Ayrton, que o admira como herói. Anos depois, o irmão crescido se aventura indo até lá para um acerto de contas. O filme não me comoveu, as personagens não me ganharam, não me fizeram gostar mais ou menos delas. Em quase duas horas, a estória se arrasta com poucos diálogos. Claro que não se pode exigir dos nossos atores brasileiros uma rapidez e fluência no idioma alemão. Paira uma melancolia em locações condizentes com a trilha sonora de Volker Bertelmann, cenas de sexo beirando o agressivo e nudez desnecessária. Belas tomadas. Gostei muito da que se passa num aquário gigante. Wagner Moura mais con

O vingativo

O amigo Marcus Vinícius está vivendo perrengue por ter contratado mau profissional para reformar sua sala. Uma das paredes ficou parecida com a superfície da Lua. Isso me fez lembrar um personagem curioso que marcou minha infância, o Roberto. Roberto era o típico “Faz tudo”, pedreiro, mexia com hidráulica e eletricidade, mas o seu ofício principal era o de pintor. Era bom no que fazia, buscava ser perfeccionista e trabalhou alguns anos na casa da minha avó materna e na nossa. Negro, sem grande estatura nem corpo malhado, bonito, simpático, sempre o sorrisão aberto. De vez em quando, era visto se engraçando com alguma garotinha. Minha tia o provocava, ameaçava contar tais estripulias para a mulher dele. Realmente, ele era casado com uma moça que até já estava grávida. Sujeito boa onda. Só não levava desaforo para casa. De vez em quando, se amuava com clientes que o destratavam, muitos o discriminando pela cor da sua pele, um pé para brigas, distribuição de gritos e tapas. Depois, ret

Na era da informática.

Fiz tudo direitinho como manda o figurino para renovar identidade. Agendei no site e fui hoje lá ao posto do DETRAN da Rua Desembargador Isidro na Tijuca, levando toda a documentação necessária: DUDA pago, certidão de nascimento, identidade e CPF originais com cópias autenticadas e a numeração do agendamento. No balcão, duas senhorinhas atendendo, completamente atrapalhadas. Uma delas gritou meu   nome. Fui e apresentei tudo. Ela se mostrou atarantada diante daqueles papéis. Pegou um envelope pardo e uma caneta, mas congelou. Perguntei: - O que a senhora quer agora? Anotar o número do meu CPF? - Não. Da identidade. Apontei meu indicador para a numeração e fui ditando pra ela. Depois disso, ela saiu anotando no envelope o numerário do agendamento, a hora, a data do meu nascimento... Foi enchendo o envelope de rabiscos com as informações que já estavam todas ali copiadas e autenticadas. Acabado aquilo, mandou que eu esperasse. Olha... Nem sei o que dizer.

A maior cantora do Brasil

          Recentemente, um amigo querido publicou em rede social que assistira ao show de Fulana de Tal acrescentando: “Pra mim, ela é a maior cantora do Brasil. Simples assim”. Não achei nada simples. Ao contrário, bem complicado, ainda mais nesses tempos de radicalismo onde é comum se fechar uma questão com um “simples assim”. Meditei sobre quais seriam os requisitos para se qualificar uma artista como “a maior cantora do Brasil”. A explicação do amigo é que, além do timbre, afinação, limpidez vocal, Fulana de Tal tem presença de palco e produção impecável. Tudo bem. Salve ela. Fui direto ao Youtube assistir seus vídeos esperando quedar-me de paixão. Não foi o que aconteceu. Conclui: mais uma jovem cantora, como tantas que estão por aí, de voz bem colocada, graciosa no cantar e que, talvez, como algumas, tenha a sorte de ser rica para bancar bom empresário e refinados produtos. Mas daí, dizer que é a maior cantora do Brasil... Logo depois, recebi a notícia de que Maria Be

De que adianta?

Hoje não resisti em cair de boca nessas coisinhas saudáveis do Bob’s. Entrei na lanchonete, fila enorme, casalzinho indeciso se demorando diante da única caixa. Preocupado com a impaciência do povo, o gerente deixou o balcão e foi com um bloco enorme de papel jornal anotar o que desejavam, destacava a folha rabiscada e entregava para cada um, sem dar qualquer alô para a cozinha. Logo, pouco se modificou. A fila parada, porém, todos com seus papéis.  Não resisti ao deboche: - O que é isso? Uma pesquisa? O gerente se desagradou e respondeu com hostilidade: - Estou fazendo isso para adiantar, para não deixar ninguém esperando tanto. - Adiantar o que, amigo? Cada um que chegava ao caixa era obrigado a dizer tudo de novo para a mocinha. Ela não entendia os rabiscos do chefe.

Presentes para mamãe

Alguém se lembra dos primeiros presentes que deu para sua mamãe? Sei que a data é comercial e até me revolto com o bombardeio desvairado da mídia, mas é impossível não se envolver de alguma maneira com a situação, uma vez que a marcação no calendário se reporta às nossas progenitoras. E mães, assim como todo mundo, fingem, negam, mas adoram presentes. Saio pelo shopping lotado de gente enlouquecida, buscando algo diferente, algo que surpreenda, sem me seduzir por produtos do momento, todos com ofertas nada animadoras. Em anos anteriores, foram blusas, bijuterias, livros, pêndulos exotéricos, lanterninha para velas, um porta-retratos digital, ralador em forma de dançarina, um São Jorge de camurça, cds de Roberto Carlos, Fafá de Belém, Alcione... Sem contar as casinhas-luminárias de minha autoria. Entro numa loja de cosméticos e a vendedora irradiando alegria pergunta se quero “uma ajudinha” e vai logo me oferecendo um pacote lindamente embrulhado com sabonetinhos e cremes para as