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Mostrando postagens de novembro, 2013

O fusquinha do capeta

Foi uma noitada inesquecível. Eu com três amigas, espremidos num fusquinha marrom velho, todo carcomido pela ferrugem. O motorista, um conhecido delas, cabeludo com cara de doidão, virava insistentemente a chave, mas o carro não dava sinais de querer pegar. Até que, finalmente, ele despertou. E saímos sacudindo, ziguezagueando pela estrada, nos levando a uma festa num condomínio fora da cidade de Viçosa. A balada acontecia numa casa enorme e se estendia para mais duas vizinhas. Luzes coloridas, som alto comandado por um DJ, muita gente, muita doideira. Bebi todas e dancei muito, já no clima da mineirada. Horas depois, eu me dei conta do sumiço das minhas amigas. Sai à procura até encontrá-las em pontos separados completamente distanciadas da luz, bêbadas, em estado total de desgraça. A festa acabara para elas. Achei por bem levá-las, uma a uma para dentro do fusquinha. Próximo passo seria encontrar o seu motorista, o cabeludão. Procurei por toda a parte, me enfiei em cantos esquisitos

A cadela Bolinha

Quando meu avô paterno faleceu, meus pais se mudaram temporariamente para o sobrado da Tijuca para fazerem companhia para minha avó. Foram longos dias de luto, uma tristeza profunda, uma dor amargada também por Bolinha, a cadela vira-latas xodó da casa. Segundo aqueles que entendem do assunto, os cães escolhem seus donos e lhes dedicam seu amor incondicional. Bolinha escolhera meu avô. Amorosa, obediente, atendia a todos os comandos dele e jamais atravessava o portão que dava para a rua. Ficava quietinha aguardando sua chegada. Desse jeito ela ficou naqueles dias, paradinha esperando seu dono que não voltava. Certa noite, algo estranho aconteceu. Bolinha saiu do seu estado de prostração e começou a se agitar pela casa. Era madrugada. Ela ia de lá para cá, de cá para lá gemendo, esbarrando nas cadeiras da sala, batendo com o rabo na parede. Aquilo despertou minha mãe. Ela abriu os olhos e teve a surpresa. Diante dela, bem próximo, a figura do meu avô a olhá-la sorrindo. Ela