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Mostrando postagens de agosto, 2013

Aniversários

Uma astróloga me disse que as crises de idade acontecem sempre às vésperas de completarmos números redondos. Começa com a crise dos 29. Depois vem a dos 39, 49 e por aí vai. Achava engraçado isso, não dava bola para tal bobagem. Talvez tivesse desenvolvido uma defesa por conta das brigas com meu pai que, durante minha infância e adolescência, sempre fazia questão de me avisar que, em breve, eu completaria 18 anos e serviria o exército, em breve, eu teria os 21 da maioridade e seria um homem feito, em breve eu estaria com 30, 40, 50, coberto de responsabilidades, pai de família, filhos, úlcera, enfarto, cabelos brancos, barriga... Ganhei uma mala dessas do James Bond para o futuro que me aguardava, afinal, era preciso me modificar. Caso não mudasse meu comportamento, meu jeito de vestir, meu cabelo, não seria nada na vida. O tempo foi passando e eu seguindo nesse meu jeito torto, moleque, meio inconsequente. No meu círculo de amizade, não havia um que escapasse com louvor do crivo dos

Quem casa quer...

Tive uma breve carreira bancária. Trabalhei como escriturário na agência do Itaú da Praça Saens Pena por um período de um ano e pouco num setor chamado “Especiais”, onde cuidávamos de ordens de pagamentos, imposto de renda, FGTS, rescisões de trabalho, cartões de crédito, etc. Naquela época, o Brasil vivia uma recessão terrível e o quadro de funcionários era bem diversificado, indo do mais humilde até o pós-graduado, ambos em funções iguais. Porém, com toda a dificuldade econômica, pairava por lá uma vontade quase unanime: casar. Uma das exceções era Inácio, um gay assumido que vivia dizendo gracinhas pra mim, se insinuando, fazendo propostas indecentes. Fora isso, os caras e a mulherada do banco... A turma querendo casamento. E naquela minha curta passagem por lá, aconteceram alguns enlaces. Havia a Rosangela, que não falava de outra coisa, se gabando do vestido que ia usar, da ornamentação de primeira, do bolo monumental, dos gastos astronômicos da festa, do organista e coral que

A destruição causada por um coco

Sexta-feira, 12 de outubro de 1990. Eu indo com meu irmão Italo, Mauricio e a irmã dele Aurora para mais um final de semana na nossa casa de praia num condomínio em São Pedro d’Aldeia. Viajamos no Herbie, o fusquinha azul possante do Mauricio. Jamais poderia imaginar a tremenda encrenca em que nos meteríamos. A noite foi normal, tranquila. Deixamos as bagagens na casa para nos fartarmos com as pizzas do restaurante Vovó Chica em Araruama. Na volta, nos enchemos de chá para digerir aquela comilança antes do sono. Eu já havia encarado, dias antes, um churrasco com piscina pelo aniversário do meu pai.  Nossa casa no condomínio Moinhos d’Aldeia, além dos bons ambientes (sala, cozinha, três quartos e varandão), ganhara um anexo com suíte, sauna, garagem coberta e churrasqueira. Mas havia uma novidade que eu só conferi com o amanhecer do dia: descansando sobre um cavalete, uma lancha tinindo de nova, branca, estofamentos confortáveis e branquinhos, um painel bonito com volante e um gr