Bichos fora do lugar
Comentei com uma tia que eu achara uma graça a calopsita no ombro de uma amiga em pleno carnaval na Praça São Salvador. Dias depois, essa tia veio me visitar trazendo uma gaiola grande com três agapornes. Disse ser presente de uma amiga e, sabendo que eu gostara do pássaro da amiga, resolveu repassá-los para mim. “Isso aí não é calopsita.” “Ah... É tudo a mesma coisa.” Os bichos gritavam tanto, tanto, tanto... E a sujeirama que faziam? Aceitei o inesperado presente, mas não aguentei dois dias. Chamei Gerson, o zelador do meu prédio, e pedi que arrumasse quem os quisesse. Depois me lembrei de ligar para o zoológico para doá-los. Tentativas infrutíferas. Gerson levou os bichos embora. No dia seguinte, acordei bem cedo com os agapornes gritando. Achei que era pesadelo. Não era. Olhei pela janela da cozinha que dá para o térreo do edifício ao lado, a casa do porteiro habitado por gatos, cães, tartarugas e passarinhos. E lá estava a gaiola com os agapornes gritando,