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Mostrando postagens de outubro, 2012

Vento, ventania, trovoadas, fogos de artifício

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Finalmente a chuva começou lá fora, porque o calor está de matar. Trovões já anunciavam que ela viria. Antes, os telejornais também. Não gosto de trovões. Não gosto. Também não suporto vento. Detesto ventania. Gosto de brisa. Não de vento forte. Se chego numa praia e está ventando, abro os braços e digo: “Maravilha!!!!” Cinco minutos de encantamento. No sexto minuto: “Que saco!” E a areia levantando. Vontade de mandar ladrilhar tudo. Ouvindo os estrondos, não tenho como não lembrar Milla, minha cockerzinha amada que me deixou ano passado. Em dias de trovoadas e ventos fortes, ficávamos os dois aflitos. A gatinha Milu jamais demonstrou qualquer reação. Se Milla ainda vivesse, estaria nesse instante latindo e correndo pela sala nervosa. Em certos momentos pararia na minha frente, me olharia como quem diz: “Não vai fazer nada?” E pediria colo. Como de hábito, eu a pegaria, daria meus beijos e diria para nos consolar: “Calminha. Vai passar, meu anjo.” E

Muitos nomes, tagarelices e a voz de um cantor

Nos tempos da minha garotice, a Avenida Brasil foi nosso religioso caminho para os muitos finais de semana na Ilha do Governador.  Lá, éramos associados ao GIC – Governador Iate Clube, onde meu pai mantinha uma pequena lancha com motor vinte cavalos e capacidade para seis pessoas. Era vermelha e branca e possuía umas orelhinhas laterais que a faziam se assemelhar com a bat-lancha do famoso Homem-morcego. Bem cedo, eu e meus irmãos nos acomodávamos no banco traseiro do fusca e, mal ganhávamos a rua, iniciávamos nossa brincadeira de papear como gente grande. Nossos pais na frente conversando coisas de adultos e nós os imitando. Olhávamos os letreiros, os outdoors da Avenida Brasil passando, imaginávamos que eram nomes de pessoas, amigos imaginários e assim tudo se dava: - O Good-Year ligou ontem. - O que ele queria? - Chamar pra festa na casa do Luporini. Parece que o Pirelli e a Gelli vão também. - To sabendo. Mas o Bob’s disse que as festas na casa do Luporini são chatas.

Minha primeira vez

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          Outro dia, de dentro do ônibus vendo o muro dentado do Colégio Militar passando, me dei conta que já se passaram trinta anos, quando subi pela primeira vez no palco daquele colégio tijucano para cantar. Lembro que o auditório estava lotado. Fui escalado para fazer o ultimo número daquela Tarde de Talentos da Casa Milton de Pianos, onde eu era estudante de violão e teclado. Apesar do calor, meti um casaco cinza atoalhado por cima da camisa azul para esconder as enormes manchas do intenso suor que escorria como cascata das minhas axilas, assim como dos pés e mãos, de tão assustado que eu estava. Também veio a dor de barriga. Medo. Disseram-me para cantar olhando um ponto fixo imaginário e fingir que não havia ninguém ali. E foi assim, igual estátua, que cantei Flor de Liz (Djavan) e Barbara (Chico Buarque - Ruy Guerra). Depois retornei ao palco para repetir Flor de Liz. Na saída, no meio de cumprimentos, recebi um convite muito interessante: integrar um grupo

A música que me inspira

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Minha relação com a música de Luiz Gonzaga é bem curiosa. Criei o hábito de, antes de cada show meu, ficar ouvindo suas músicas o dia inteiro. E, geralmente, meus shows diferem bastante no repertório, porque canto Noel Rosa, Cartola, Tom, Chico, Vinícius. Não sei explicar a razão dessa minha mania. Mas de vez em quando, mando um Gonzagão também nos shows. Adoro. Sua obra é maravilhosa. É preciosa inspiração.

A amiga da janela

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O quintal do apartamento do Andaraí foi território inesquecível da minha infância e de minha irmã. Ali nós passávamos nossas melhores horas brincando, fazendo corridas de velocípedes e, nos dias de muito calor, tomávamos banho de borracha. Aquilo era uma festa. Naquele chão espalhávamos nossos brinquedos, alguns que me lembro, uns carrinhos maravilhosos que meu padrinho me trazia - hoje são peças de coleção - e aviões de madeira que davam trabalho enorme para se montar.  Tudo isso durava pouco em minhas mãos. Logo eram destruídos.  Eu arrancava as rodinhas dos carros, quebrava as asas dos aviões e rabiscava a cara de cada uma das bonecas da minha irmã.  No fundo do quintal havia uma bancada com instrumentos de marcenaria do meu pai. Sem que ele visse, nós nos apossávamos deles e transformávamos martelos, marreta e chaves de fenda em personagens. O pequeno serrote virava um jacaré. A tesoura era uma ave assassina. Era nosso teatro.  Mas não era um teatro sem plateia. Havia uma v