Coisas do Brasil
Dia seis de outubro de dois mil. Era uma sexta-feira. Aquela foi uma das noites mais curiosas que já vivi nessa estrada de cantorias por aqui e acolá. Chovia a cântaros e eu me encontrava todo arrumado, chapéu na cabeça, dentro do ônibus 409 parado num engarrafamento no Jardim Botânico, atrasado para ir cantar na varanda do Clube Militar da Lagoa. Atrasei-me muito por conta do caldo verde que oferecera horas antes a um casal de amigos e pelas crateras que tinha feito na barba, ao tentar apará-la, com a habilidade e a delicadeza de um lenhador. Resultado: acabei tirando tudo e deixando um cavanhaque ridículo que me dava um ar meio cafajeste. Um cara magrinho de óculos sentou ao meu lado no ônibus, deu uma conferida no meu visual e não resistiu: “Desculpa perguntar... Sou fotógrafo e observo as pessoas. Você é cantor?” "Sim". “E é do nordeste, não é?” “Não sou não. Mas adoro o povo nordestino.” “Mas você assim de chapéu... Achei que fosse cantor de forró.” “Ol