Saia justa

(Beto Caratori)

Mais uma, amigo garçom
Que esta minha sina
Tão cara, por ela
É beber, é esperar
Certo alguém disse um dia
Colecionador dessas frases
De bar
Quem espera a hora feliz
Sempre alcança

Com espuma,
Que o chope é bom
E afasta a cortina,
Escancara a janela
Que a vista é pro mar
O vaivém lá das ondas,
Vapor, bate-bola,
Gente a se embolar
E eu daqui, minha mente
Petiz que balança

Olhando tantos personagens
Bancários, surfistas
Do lado de cá
Pivetes dizem sacanagens
Pros vários turistas,
Peles rosas-chá
A loura vai indiferente
Lambendo um sorvete,
A faixa a cruzar
Nem nota a moça indigente
Que pede ao cadete
Pro caixa ajudar

Não brigue comigo, irmão
Mas troque essa milonga
Por samba lamento
Pra gente cantar
Traz um calço pra mesa
E o cinzeiro
Se bem que eu parei
De fumar
Olha a espuma escorrendo
Olha aquela menina,
A sainha bem justa

Traz outra, amigo garçom
Que esta espera é longa
E no meu pensamento
Ela vai se atrasar
Arranjou um batente
No Centro
Sem ter hora de terminar
Ela vive dizendo que a vida
É injusta

Na esquina
Alguém ultrapassa
É um carro de praça
E o guarda não vê
Com o “china” jurando
Que traça a menina da praça
Uma atriz de tevê

Correndo,
A vizinha atleta
Não cansa, que graça,
Boné, all star
No bicho, o velho com a neta
Descansa a carcaça
E faz fé no milhar

Depressa, urgente, meu bom
Traz a saideira
E arruma esta mesa
Ela vem acolá
Tá no meio do povo
De um coletivo,
Vestido grená
Não será brincadeira
A fachada tá feia,
Ela vem pra brigar

Tranqüilo, meu bom irmão
Não terá quebradeira
Mas tenho certeza
Do que ela dirá
Vai dizer que estou bamba
Sem objetivo,
Malandro não há
Vivo de bebedeira
Voltei a mentir
E até mesmo a fumar.

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