A hora crucial
(Beto Caratori)
Era um dia de folia
Festa do trabalhador
Dizem que foi nesse dia
Que nasceu o imperador
Encontrei Maria Rita
Tão bonita, era um pitéu
Entre aquela gente aflita
Moça de Vila Isabel
Nossos olhos se cruzaram
E já não se perderam mais
Nossos corpos se tocaram
Seu sorriso era demais
Finalmente veio o beijo,
Maçã, chuva de papel
E a embalar nosso desejo
O cantar de um menestrel
“Pra que ter riquezas tais?
Se mais vale um ombro amigo
Que lhe acolha do perigo
E ouça confissões banais”
Nosso caso de estudante
Um novelo teve início
Era um óbvio ecoante
Tanto zelo, tanto vício
Só queríamos um ao outro,
Lar, família, pão, dinheiro
Não valiam nesse encontro
Renegado o mundo inteiro
Prisioneiro da emoção
Inventei-lhe tantos pactos
Em desertos da paixão
Isolados como cactos
Nunca soube discernir
O sentir do que se pensa
Recompensa a desmedir
Minha alma tão intensa
Mas mudou o nosso dia
Sem que eu me desse ou visse
Seu olhar já não ardia
Tudo muda, ela me disse
E falou de outros desejos
Sonhos, casa, profissão
Já não queria meus beijos
Sua cabeça era ambição
Nosso caso deu em nada
Concluiu com seu desdém
Tenho casca a ser quebrada
Vou pro mundo, vou além
E assim nos despedimos
No tal bar, de forma estranha
Sei do prato que pedimos
Um risoto com castanha
Como trôpego homem-rã
Pela chuva fui, me lembro
Foi-se o novelo de lã
Estranhamente era dezembro
Guardo a hora crucial
Sem guarida, sem maçã
Sem destino, marginal
E da janela de uma van
Alguém gritou “Jóia ou joio”
Era um amigo de festim
Nosso menestrel, em apoio,
Que alegre cantou pra mim:
"Na vida se faz assim,
Na vida se faz assim,
Se tem a parte de todos
Do todo pra se ter fim”.
Era um dia de folia
Festa do trabalhador
Dizem que foi nesse dia
Que nasceu o imperador
Encontrei Maria Rita
Tão bonita, era um pitéu
Entre aquela gente aflita
Moça de Vila Isabel
Nossos olhos se cruzaram
E já não se perderam mais
Nossos corpos se tocaram
Seu sorriso era demais
Finalmente veio o beijo,
Maçã, chuva de papel
E a embalar nosso desejo
O cantar de um menestrel
“Pra que ter riquezas tais?
Se mais vale um ombro amigo
Que lhe acolha do perigo
E ouça confissões banais”
Nosso caso de estudante
Um novelo teve início
Era um óbvio ecoante
Tanto zelo, tanto vício
Só queríamos um ao outro,
Lar, família, pão, dinheiro
Não valiam nesse encontro
Renegado o mundo inteiro
Prisioneiro da emoção
Inventei-lhe tantos pactos
Em desertos da paixão
Isolados como cactos
Nunca soube discernir
O sentir do que se pensa
Recompensa a desmedir
Minha alma tão intensa
Mas mudou o nosso dia
Sem que eu me desse ou visse
Seu olhar já não ardia
Tudo muda, ela me disse
E falou de outros desejos
Sonhos, casa, profissão
Já não queria meus beijos
Sua cabeça era ambição
Nosso caso deu em nada
Concluiu com seu desdém
Tenho casca a ser quebrada
Vou pro mundo, vou além
E assim nos despedimos
No tal bar, de forma estranha
Sei do prato que pedimos
Um risoto com castanha
Como trôpego homem-rã
Pela chuva fui, me lembro
Foi-se o novelo de lã
Estranhamente era dezembro
Guardo a hora crucial
Sem guarida, sem maçã
Sem destino, marginal
E da janela de uma van
Alguém gritou “Jóia ou joio”
Era um amigo de festim
Nosso menestrel, em apoio,
Que alegre cantou pra mim:
"Na vida se faz assim,
Na vida se faz assim,
Se tem a parte de todos
Do todo pra se ter fim”.
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