Não vai passar




(Beto Caratori e Patrick Angello)

Era uma clara manhã
Um realejo, a canção
Uma valsa de amor
Um cigano cantor
Alguém que passou
Profetizava que a vida
Corre tão depressa
É um trem que não pára
E eu a esperar
Por uma eternidade
A minha ansiedade adolescente
Tão premente a paixão
Mas a felicidade quis ali deixar
E sumistes na estação
Pra nunca mais voltar

Ao lembrar o realejo
Naquela pracinha
Lá do interior
Onde a valsa de amor
Nos embalou
Senti de novo o desejo
E aquele teu beijo
A menta que queimava ao gelar
Os dois enamorados
Tão donos do mundo
Plenos de esperança
E inquietação
Mas tu, tão de repente
Deixou-te levar
Por uma tola ilusão

Por Deus, eu não queria
Que essa nossa estória
Terminasse assim
Se ao menos tu soubesses
O quanto dói a dor em mim

Os dias vêm, as noites vão,
A chuva cai
Vai passar, vai passar
Tudo agora vai passar
Passam os realejos
Passam os cantores marginais
Nossa juventude
O tempo de desejo
Já ficou pra trás
Muros, mundos vão cair
Mais profetas vão chegar
Outro trem que quer partir
E a saudade quer ficar

INTERMEZZO

Os dias vêm, as noites vão,
A chuva cai
Vai passar, vai passar
Horas, dias vão passar
Passam os anos,
Teu retrato não me diz
Qual a razão?
Na pracinha agora sem jardim
Não tocam a nossa canção
E eu me entrego à mansidão
E sereno, penso assim
Se essa dor irá passar
Não.

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