A Casa inundada


(Beto Caratori)

Agora,
Um silêncio de morte
A chuva apontou-me a sorte
Meu norte virou meu degredo

Fiz da minha boca renúncia
Frente aos meus olhos denúncia
Que turvos expõem meu segredo

Quis ver florida a morada
Modesta, porém povoada
Por sonhos dourados de outrora

Um dia, a inundação
Veio assolar-me a paixão
Entrou sem dar tempo, nem hora 

Meu céu nem desanuviou
E logo outra chuva chegou
Nas mãos este vil documento

De enredo frio, desigual
Dizia que eu era o seu mal
Desprezo, arrependimento

Ficou um silêncio de morte
A porta em vigília, o recorte
A mobília, esta água parada

E assim,
Eu vou renegando a paixão
Tão seco, finge o coração
Que dentro é uma casa inundada

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