Ainda sobre um passado da Tijuca
Minha
mãe me conta que se podia brincar na rua até mais tarde. Brincava-se de pique,
amarelinha, queimado, tamborete, muitas das vezes no final da Rua Soriano de
Souza, que era sem saída e onde havia a galeria Skyie
e o Cine Tijuca Palace. Ela se lembra das idas com as irmãs e amigas aos muitos
cinemas. De lá, confeitaria. De vez em quando, um tio-avô aparecia com cavalos
e a garotada cavalgava pela Rua General Roca e arredores. Constantemente
passava o vendedor de pirulitos caramelados e cones de biscoitos que se
desmanchavam na boca. Ele vinha batendo um ferrinho, fazendo “ling-ding,
ling-ding”.
Do
que eu me lembro, íamos muito ao Bob's que ainda existe ali na esquina da Rua
General Roca com Santo Afonso, que não se ligava com a Rua Professor Gabizo.
Simplesmente um trecho que se tornava chão de terra terminando num muro de
mangueiras e casas da até
então oculta Soriano de Souza. Os carros paravam enviesados para o povo lanchar
no Bob's, onde o que mais se pedia eram os sacões de batatas fritas que você
comia espetando com um garfo. Também o sundae recheado de morangos, o símbolo
da lanchonete que, na Tijuca, se não me engano, foi a segunda a ser inaugurada no
Rio de Janeiro. A primeira surgiu na Praça do Lido em Copacabana.
Outra
recordação foi de ter ido conhecer a Cervejaria Brahma, onde hoje é o
Supermercado Extra e o Centro Coreográfico. Também visitei uma casa na Rua
Félix da Cunha, bem ali no Largo da Segunda-feira, onde se fabricava o Leite de
Colônia. O dono era um simpático velhinho e eu me surpreendi com a precariedade
da tal fabriqueta. Mas ele, pacientemente, mostrou todo o
processo do produto, incluindo a feitura das embalagens e impressão dos
rótulos.
Eram outros tempos.
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