Ainda na temática sobre bichos. Outro dia, passeando pelo Forte do Leme, um grupo de cinco a seis micos vieram quase na minha mão. Estavam famintos. Alguém passara antes e lhes dera algo para comer. Em Santa Teresa, via muitos passeando pelos fios do bonde. Alguns morriam eletrocutados. Muito triste quando isto acontecia. Durante o tempo em que tive casa em Lumiar, recebia visita de micos. Dava-lhes bananas e pedacinhos de pão. Havia um lagarto que morava numa pedra plana bem na entrada da minha casa. Durante meus banhos de rio, eu costumava deitar depois naquela pedra. O lagartinho acabou se acostumando comigo e ficava parado, quieto ao meu lado. Ficamos amigos. Cobras também apareciam. Dava medo. Uma vez, um amigo foi ao banheiro. Estava distraído a mirar seu xixi no vaso sanitário quando, de repente, viu uma cobra toda enrolada, deitada na janela na altura da sua cabeça. Deu um pulo para trás e ela chegou a dar o bote. Ele correu para fora com a calça aberta, tudo de for...
Bem no comecinho da minha trajetória como cantor, recebi ligação de certo Luizinho, se dizendo empresário da noite de Muriaé (MG) que, com base nas boas referências das irmãs Castro Mayrink, minhas queridas amigas residentes naquela cidade, queria saber se eu integraria a programação da sua mais recém-inaugurada casa noturna. Ele precisava com urgência de novos artistas. Anos antes, eu me apresentara lá, levado por um amigo meu do Rio, o Magoo. O Primeiro Passo era um sobrado pequeno de janelões compridos, paredes verdes, com a proposta de ambiente intimista, meia luz, música instrumental baixinha ao fundo, mas logo se tornou badalado demais, lotado de gente até na escadaria, público atraído pelos desconhecidos cantores de música popular brasileira a revezar o microfone naquela peleja contra o vozerio e o tilintar de copos. Imprescindível o repertório que caísse no gosto da turma barulhenta para transformá-la no coro dos entusia...
(Beto Caratori) Ata-me Ao pé da tua cama Feito um filme E não reclama Se eu acaso não for reclamar Bata a porta Engula a chave Esqueça a hora As cortinas da janela Nem o sol mais deixe entrar Teu apartamento Nossa ilha Em meio ao mar da intolerância Nossa nau do dia-a-dia À deriva vai ficar Tuas causas sérias Minha luz à ignorância O horizonte das misérias Nada há pra se avistar Ata-me Ao pé da tua cama Invente a trama Ou faça como um filme De Almodóvar Tuas mãos são as amarras Tuas pernas, as correntes Dedos longos, grades quentes Boca pra me amordaçar Tão insano, o sal com o doce Tão sem nexo o nosso beijo Sexo, língua no desejo Corpo e alma irá lavar E depois, soltos, vencidos A razão em tênue linha Em algum rádio de cozinha Nossa trilha irá tocar.
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