Certa vez, um conhecido meu, Seu Vianna, um senhor já muito idoso, me abordou na rua e me fez a seguinte pergunta: - Você gosta de artesanato? - Gosto sim. Por que? - Vamos até minha casa. Quero te dar uma coisa. Fez mistério. Nada mais disse. Chegando lá, ele foi buscar o regalo: uma máscara-escudo talhada em madeira, olhos, boca, cabeleira de palha, um chifre na testa e uma etiqueta atrás na alça, identificando que aquilo era da tribo dos índios caraívas. - Peça de colecionador, viu? – reforçou Seu Vianna – Mas não a quero mais. Fique pra você. Cuide bem dela. Agradeci bem constrangido, porque a máscara era um troço tão esquisito, era tão feia, tão horrorosa que, mal cheguei em casa, a enfiei dentro do armário. E ali ela ficou por anos, décadas, séculos. Quando me mudei para o apartamento de Botafogo, na ânsia de decorá-lo, de colocar ornamentos na parede, resolvi dar utilidade àquela máscara e a instalei bem diante da porta social, como uma carranca que protege su...